quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Política Monetária e Operações de Crédito do Sistema Financeiro

Fonte: Banco Central do Brasil - Nota para a Imprensa - 21.12.2011


I - Evolução dos agregados monetários

A média dos saldos diários da base monetária alcançou R$187,3 bilhões, em novembro, ao registrar incrementos de 1% no mês e de 5,3% em doze meses, condicionados pelos avanços mensais de 0,8% no saldo médio do papel-moeda emitido e de 1,7% na posição de reservas bancárias.

Entre os fatores de emissão monetária, destacou-se, no sentido contracionista, a movimentação de R$19,2 bilhões na Conta Única do Tesouro Nacional. As operações com títulos públicos federais, que incluem a atuação do Banco Central no ajuste da liquidez do mercado monetário, foram expansionistas em R$11,9 bilhões, refletindo compras líquidas de R$12,7 bilhões no mercado secundário e colocações líquidas de R$800 milhões no mercado primário. No mesmo sentido, os depósitos de instituições financeiras, que incluem os fluxos mensais de recolhimentos compulsórios, atingiram R$1,9 bilhão.

Os meios de pagamento restritos (M1), considerado o saldo médio diário, atingiram R$255,3 bilhões em novembro, ao registrarem queda de 0,1% no mês e elevação de 0,8% em doze meses. No mês, o saldo médio do papel-moeda em poder do público cresceu 0,9% e os depósitos à vista reduziram-se 1%.

Os meios de pagamento no conceito M2, que corresponde ao M1 mais depósitos para investimentos, depósitos de poupança e títulos privados, expandiram-se 1,2% no mês, totalizando R$1,6 trilhão. Esse resultado refletiu os avanços de 0,7% no saldo dos títulos privados e de 0,3% nos depósitos de poupança, que atingiram, respectivamente, R$878,6 bilhões e R$414,1 bilhões.

O M3, que compreende o M2, as quotas de fundos de renda fixa e os títulos públicos que lastreiam as operações compromissadas entre o público e o setor financeiro, registrou avanço mensal de 1,2%, somando R$2,9 trilhões, favorecido pelo crescimento de 2,5% no saldo das quotas de fundos de renda fixa, que alcançou R$1,3 trilhão. O M4, conceito que compreende o M3 e os títulos públicos de detentores não financeiros, apresentou elevação de 1,5% no mês e de 16,3% nos últimos doze meses, totalizando R$3,5 trilhões.
II - Operações de crédito do sistema financeiro

O crédito do sistema financeiro nacional apresentou, em novembro, expansão mais acentuada que no mês anterior, refletindo, em particular, o retorno à normalidade após a greve bancária encerrada em 17 de outubro. Nesse contexto, o saldo total das operações de crédito atingiu R$1.984 bilhões, elevando-se 1,9% no mês e 18,2% em doze meses. Em decorrência, a relação empréstimos totais/PIB subiu para 48,2%, ante 47,5% em outubro e 44,9% no mesmo período do ano anterior. No mês, a representatividade dos bancos públicos aumentou de 42,4% para 42,8% em novembro, enquanto as participações relativas às instituições privadas nacionais e estrangeiras decresceram de 40,2% para 39,9% e de 17,4% para 17,3%, respectivamente.

O segmento de crédito livre correspondeu a R$1.275 bilhões, com aumentos de 1,4% no mês e de 15,8% em relação a novembro do ano anterior, passando a representar 64,3% do total da carteira do sistema financeiro. As operações relativas a pessoas físicas totalizaram R$644 bilhões, com incrementos de 0,9% e de 17,2% nas mesmas bases de comparação, enquanto as destinadas a pessoas jurídicas registraram avanços respectivos de 1,9% e de 14,4%, atingindo R$631 bilhões.

O crédito direcionado alcançou R$709 bilhões, ao crescer 2,9% no mês e 22,8% em doze meses. Além dos financiamentos habitacionais, cujo estoque atingiu R$182 bilhões, expandindo-se 2,9% no mês e 44% em doze meses, mantiveram desempenho expressivo os financiamentos do BNDES, com saldo de R$409 bilhões e expansões de 2,6% no mês e de 15,7% em doze meses. Destaque-se a expansão mensal de 4,9% nos financiamentos diretos do BNDES, que atingiram saldo de R$203 bilhões, com participação relevante de desembolsos aos setores de energia, mineração e telecomunicações.


II.1 - Distribuição setorial do crédito

O crédito ao setor privado, computadas as operações com recursos livres e direcionados, cresceu 1,7% no mês e 18,3% em doze meses, alcançando R$1.907 bilhões em novembro, atingindo participação de 96,1% no total do sistema financeiro. Entre os setores econômicos, foi relevante a expansão relativa ao segmento de outros serviços, saldo de R$333,1 bilhões e aumento de 2,6%, sobressaindo operações destinadas a telecomunicações, transportes e serviços automotivos. Os empréstimos à indústria somaram R$409,7 bilhões, após alta mensal de 1,5%, enfatizando-se desembolsos para as áreas de extração mineral, automotiva e química. O crédito ao setor habitacional mantém crescimento acelerado, com elevações de 3% no mês e de 46,2% em doze meses, somando R$195,3 bilhões. Os recursos destinados ao setor rural totalizaram R$138,4 bilhões, registrando crescimento de 1,5% no mês.

O saldo dos empréstimos ao setor público situou-se em R$77,8 bilhões em novembro, denotando aumento de 7,3% no mês. Esse resultado refletiu a elevação de 12,7% no estoque referente ao governo federal, R$40,8 bilhões, com participação destacada da destinação ao setor energético.


II.2 - Operações com recursos livres - Crédito referencial para taxas de juros

Entre as modalidades de crédito livre para pessoas físicas, foram revertidas em novembro oscilações verificadas nos dados do mês anterior, associadas à greve bancária. São exemplos os decréscimos respectivos de 2,5% e 0,2% nos saldos relativos a cheque especial e cartão de crédito, assim como a elevação de 19,4% nas concessões de crédito consignado, superior à verificada no total de crédito pessoal, 12,9%. Esse comportamento se refletiu também em retrações das taxas de juros, em consequência da demanda mais intensa por modalidades de custo mais baixo, tais como o crédito consignado, e dos atrasos de 15 a 90 dias, dado o retorno à normalidade dos pagamentos relativos a compromissos financeiros. Nas operações voltadas ao segmento empresarial, destacou-se o desempenho mensal da carteira para capital de giro, com elevações de 2% no mês e de 17,2% em doze meses, totalizando R$304,7 bilhões.

A taxa média de juros das modalidades que compõem o crédito referencial declinou 1 p.p no mês, situando-se em 38,5% a.a. em novembro. A queda foi determinada pelas operações com pessoas físicas, cuja taxa média baixou para 44,7% a.a, após redução de 2,4 p.p. no mês, decorrente dos recuos nas taxas relativas a crédito pessoal e aquisição de veículos. No segmento empresarial, a taxa permaneceu estável em 29,8% a.a.

A inadimplência do crédito referencial, referente à participação relativa dos atrasos superiores a noventa dias, cresceu 0,1 p.p., para 5,6%, traduzindo a elevação de 0,2 p.p. no índice relativo às famílias, que se situou em 7,3%, ao passo que, no crédito às empresas, a taxa se manteve em 4%. O percentual de operações com atrasos de 15 a 90 dias, por sua vez, declinou 0,4 p.p. no segmento de pessoas físicas, alcançando 6,5%, assinalando estabilidade em 2,2% nos empréstimos às empresas.


III - Ativos e passivos internacionais do sistema bancário

Os ativos internacionais do sistema bancário, correspondentes a operações com não residentes, em qualquer moeda, e com residentes, em moeda estrangeira, totalizaram R$234,9 bilhões em setembro, evidenciando expansão trimestral de 23,4% em reais, justificada, sobretudo, pela depreciação cambial de 18,8% no período. Avaliados em dólares, o crescimento limitou-se a 3,9%.

O grau de internacionalização do sistema, no que diz respeito aos ativos, avançou de 4,6% para 5,4% no período analisado, com declínio da representatividade dos bancos privados nacionais de 44,4%, em junho, para 39,4% em setembro. Em sentido inverso, aumentaram as participações dos bancos públicos, de 17,9% para 18,2%, e dos bancos estrangeiros, de 37,7% para 42,4%. Relativamente aos países contrapartes das operações, destaque-se o crescimento das parcelas referentes aos Estados Unidos, cuja participação no total dos ativos com não residentes avançou de 10,5% para 13,4%.

Os passivos internacionais somaram R$312,9 bilhões, elevando-se 16% em reais, registrando, porém, contração de 2,3%, quando avaliados em dólares. Com isso, a participação desses passivos no total de passivos exigíveis do sistema bancário aumentou de 7,2%, em junho, para 7,8% em setembro. A exemplo do ocorrido com os ativos, cresceu a representatividade dos bancos estrangeiros, de 38,4% para 40%, e, relativamente às contrapartes, expandiram-se as operações com os Estados Unidos, de 27% para 29% do total de passivos internacionais, em contrapartida à retração das operações com residentes, de 21,4% para 18,2%.

Os ativos internacionais consolidados do sistema bancário, que incluem somente posições com não residentes, apresentaram saldo de R$140,9 bilhões em setembro, segundo o conceito de risco inicial, registrando variações trimestrais de 16,5% em reais e de -1,9% em dólares. No conceito de risco final, que incorpora ao ativo inicial o resultado das transferências de risco entre países, o saldo situou-se em R$136,9 bilhões.

Nenhum comentário:

Postar um comentário