quarta-feira, 26 de junho de 2013

Cenário político e econômico – por Alexandre Schwartsman


Confesso que os protestos me pegaram completamente de surpresa. Embora qualquer um que tenha lido minhas reclamações constantes acerca do rumo do país possa concluir que ando insatisfeito, jamais imaginei que este sentimento fosse compartilhado e profundo o suficiente para gerar os movimentos dos últimos dias.

Da mesma forma, estaria mentindo se afirmasse entender o que ocorre. Ainda que meu instinto de economista aponte para a aceleração da inflação como um elemento que deve ter contribuído para os protestos, é forçoso reconhecer que eles parecem refletir temas bem mais amplos, possivelmente ligados à percepção de um distanciamento crescente entre a população e seus representantes, materializada, por exemplo, em políticas públicas que não atenderiam seus reais anseios.

De qualquer forma, não me acho suficientemente equipado para analisá-los e explicá-los. Onde talvez possa contribuir, correndo o risco inerente a todas as análises feitas no calor do momento, é na tentativa de entender as implicações deste fenômeno para a formulação de política, em particular na sua faceta macroeconômica. E, da forma como vejo o problema, as implicações não são nada boas.

São essencialmente duas as razões que apontam para esta conclusão, ambas bastante exploradas em minhas colunas recentes.

A primeira diz respeito à natureza da desaceleração econômica dos últimos anos, que, no meu entender, reflete problemas associados à capacidade limitada de crescimento do país, seja pelo esgotamento da mão-de-obra disponível, seja por conta de gargalos crescentemente severos em praticamente tudo associado à esgarçada infraestrutura.

Já o entendimento do governo tem sido distinto, haja vista sua insistência em políticas para estimular a demanda, em particular o consumo, como recentemente expresso nos incentivos para a aquisição de eletrodomésticos. Muito embora estes tenham repetidamente se provado incapazes de fazer a economia acelerar de forma decisiva, a reação quase instintiva do governo em lançar mão deles a cada número ruim no campo da atividade econômica sugere que o diagnóstico oficial ainda aponta para a fraqueza da demanda como o motivo para o baixo crescimento.

Não por acaso, portanto, o resultado tem sido crescimento baixo com inflação alta, combinação profana que certamente colabora para a erosão da popularidade do governo. No entanto, políticas que poderiam corrigir estes desequilíbrios – notadamente a redução dos gastos públicos – e mais à frente recolocar o país na rota do crescimento sustentado implicariam custos em termos de atividade no curto prazo, em particular no período imediatamente anterior à eleição.

Isto nos traz à segunda razão. Se há algum objetivo do governo hoje, trata-se da manutenção do poder, seja pela reeleição da presidente, seja através do ainda remoto, mas possível, retorno do ex-presidente à linha de frente no ano que vem. Em qualquer um destes cenários, o apetite por medidas impopulares, ainda que necessárias, é naturalmente reduzido.

Neste contexto, os protestos agudizam o problema. Para um governo já pouco convencido acerca de diagnósticos discordantes e com objetivos políticos que se sobrepõem à estabilidade, a pressão adicional vinda das ruas se torna um incentivo poderoso ao reforço de políticas que irão demandar mais do Tesouro do que é possível sem comprometer adicionalmente o já precário equilíbrio macroeconômico.


Obviamente não pretendo insinuar que a estabilidade é incompatível com democracia, mesmo porque exemplos desta convivência não faltam, inclusive na América Latina, região que, há pouco, não se caracterizava nem por uma, nem por outra. Mas, na falta de instituições que protejam a estabilidade dos interesses políticos de curto prazo, turbulências políticas terminam por sacrificá-la no altar eleitoral. E nada me diz que desta vez será diferente.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Déficit de credibilidade

Por Celso Ming

De nada serviu à presidente Dilma adotar certas práticas da presidente Cristina Kirchner e chamar os críticos de sua política econômica de terroristas. Ela já deve ter elementos para entender que seu governo enfrenta sério déficit de credibilidade.
Ao longo dos dois últimos anos se atirou ao desmonte dos fundamentos da economia que haviam dado certo nos anos anteriores. O compromisso com uma política fiscal responsável foi substituído por uma sucessão aleatória de contratação de despesas públicas destituídas de um programa estratégico que lhes desse solidez. As metas passaram a ser atropeladas por resultados construídos por truques contábeis. E o resto é opaco. Ninguém entendeu, por exemplo, como o ministro da Fazenda, Guido Mantega, vai construir o prometido superávit primário (sobra de arrecadação para pagamento da dívida) de 2,3% do PIB.

Dilma. Falta a virada (FOTO: Andre Dusek/Estadão)
As manifestações que tomaram as ruas das grandes capitais questionam os critérios que determinaram as prioridades das despesas públicas. O governo do PT, que lá atrás pregava as excelências do orçamento participativo, conduz suas pautas de uma maneira errática, à base de desonerações temporárias e discriminatórias e de transferências de dezenas de bilhões de reais do Tesouro para o Banco do Brasil, para a Caixa Econômica Federal e para o BNDES.
Até agora, os estragos provocados pela inflação no orçamento do trabalhador foram considerados irrelevantes. O importante era perseguir o “pibão grandão”, que não acontece. A escalada de preços foi entendida como consequência de choques externos, de impacto temporário. A política monetária (política de juros) que deveria ater-se a levar a inflação à meta de 4,5% ao ano, foi reorientada para perseguir uma meta de juros. A obsessão da presidente Dilma foi derrubar os juros reais (descontada a inflação) para o nível dos 2% ao ano, não importando se as condições o comportavam.
Mas o momento não é só de desarrumação das contas públicas e de impacto inflacionário. É também de deterioração das contas externas. O rombo nas contas correntes (comércio exterior de mercadorias e serviços mais transferências unilaterais) passou de 2,4% para 3,2% em apenas cinco meses (veja o Confira). E, pior, tende a alargar-se para acima do afluxo de capitais de investimento. Esse é o principal fator que vai puxando as cotações do dólar para o alto.
Ainda na quinta-feira, o governo Dilma desmentiu categoricamente a substituição de peças-chave no comando da política econômica, como manobra destinada a recuperar credibilidade. Não basta a simples troca de nomes. É preciso primeiro admitir a substituição do atual arranjo experimentalista de política econômica por outro que garanta estabilidade e confiança.
Até agora, o governo Dilma descartou peremptoriamente quaisquer mudanças radicais de rumo. A opção foi ir tocando as coisas, do jeito que der, de maneira a não colocar em risco a recondução da presidente Dilma a um segundo mandato nas eleições de 2014. Mas essa é uma aposta em que nenhuma reviravolta política acontecerá até lá. As manifestações pelo País parecem dizer o contrário.
CONFIRA:
O gráfico mostra a evolução do déficit em Conta Corrente acumulado a cada período de 12 meses.
Acima do esperado. A deterioração das Contas Externas não é apenas crescente. É também maior do que o esperado.
O IED ficou curto. Até agora, o rombo era compensado com a entrada de capitais de investimento (Investimento Estrangeiro Direto). Mas, além de maior, o déficit tende a continuar crescendo, porque a disposição dos capitais é tomar o rumo dos Estados Unidos.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Especialistas explicam disparada do dólar e queda da bolsa

Por Mirim Leitão

É mais um dia de nervosismo nos mercados. Após o BC dos EUA indicar, claramente, que a retirada dos estímulos à economia americana começará ainda este ano, o dólar passou a subir mais, e a bolsa despenca. O Ibovespa já chegou a cair quase 3,5% hoje, mas às 12h04, recuava 2,11%. Já o dólar, mesmo com a intervenção do BC, chegou a bater R$ 2,27.
Para Sidnei Nehme, da corretora NGO, a alta da moeda americana veio para ficar. Ele diz que recursos estão deixando o país e empresas "correndo" para fazer hedge, ou seja, se proteger da alta da moeda americana. Tudo isso pressiona o dólar.
- O BC dos EUA indicou que vai começar a retirar o programa de estímulos. Esse término da fartura do dinheiro barato no mundo pega o Brasil num momento inoportuno, de baixo crescimento, inflação alta, baixa capacidade de atrair capital. Acho que o dólar vai continuar subindo; pode chegar a R$ 2,30. O governo vai intervir, tentar segurar, mas não tem muito o que fazer - disse o economista.
Ele também fez referência à frase dita pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que afirmou que o governo tinha "bala na agulha" para evitar a volatilidade do dólar:
- As balas serão poucas, se começar a sair capital de longo prazo - disse Nehme.
Hersz Ferman, economista da Elite Corretora, explicou que as principais bolsas estão em queda e as moedas se desvalorizando em relação ao dólar, desde que o Fed indicou que os estímulos serão retirados mais adiante. A Bovespa e o real, no entanto, sentem mais.
- O comunicado do BC dos EUA e o discurso do Bernanke foram mais duros do que o mercado esperava, o que fez com que as bolsas caíssem e o dólar subisse. O cenário piorou para os dois. Mas o Brasil está "apanhando" mais do que os outros países. É um dos principais destaques negativos em câmbio e bolsa - afirma.
Quando eu pergunto porque o país está "sofrendo" mais do que os outros, inclusive os emergentes, Hersz aponta os problemas que temos mostrado aqui no blog todos os dias:
- Temos uma economia com dificuldade para crescer, a inflação está no teto. A política fiscal é contestada. O Brasil também depende muito de commodities, e a China, que compra muito, está desacelerando. Uma série de fatores faz com que o estrangeiro tire dinheiro do Brasil - explica o analista.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Economia brasileira, principais notícias

Opinião de Edmar Bacha, sobre a economia brasileira



Um dos formuladores do Plano Real, o economista Edmar Bacha, acredita que o governo tem "a faca e o queijo na mão" para reverter o pessimismo em relação ao Brasil. "Mas a decisão é essencialmente política", diz Bacha. veja os principais trechos da entrevista:
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,o-governo--deixou-as-coisas-desarranjadas-diz-bacha,1043096,0.htm

Dilma prepara 20º pacote, agora para mineração

A presidente Dilma Rousseff
 A presidente Dilma Rousseff vai anunciar nesta semana o 20.º pacote de medidas de estímulo à economia de seu governo. O pacote da vez será o novo Código de Mineração, que deve, na visão do governo, impulsionar os investimentos das mineradoras no Brasil já a partir do segundo semestre. O anúncio do novo código está previsto para amanhã, no Palácio do Planalto.

BOLSA DE VALORES
Ibovespa segue exterior e avança, com Petro e Vale subindo mais de 1,5% - InfoMoney 
Veja mais em: http://www.infomoney.com.br/mercados/acoes-e-indices/noticia/2823752/ibovespa-segue-exterior-avanca-com-petro-vale-subindo-mais

Ibovespa opera em alta nesta segunda-feira (Divulgação/BM&FBovespa)


Pesquisa do Banco Central reduz a previsão do PIB pela 5º vez


Foi reduzida pela quinta vez a previsão de crescimento do PIB para 2013. De acordo com a pesquisa Focus, divulgada nesta segunda (17/6) pelo Banco Central.
A estimativa de alta foi reduzida para 2,49%, na semana passada, o índice estava em 2,53%, para 2014, a previsão de crescimento se manteve em 3,2%.
A projeção para a taxa básica do juro foi elevada de 8,75% para ao ano, em 2013 e 2014. A inflação subiu de 5,8% para 5,83% para 2013 e mantida em 5,8% para 2014.


Brasil vive forte crise de confiança, acredita 


governo


O governo reconhece que o Brasil é vítima, neste momento, de uma forte crise de confiança. Mesmo depois de retirar as amarras das políticas monetária e cambial, os investidores domésticos e estrangeiros continuam desconfiando do país. A solução não passa apenas pelo fortalecimento das contas públicas, tema apontado pelos críticos como principal razão para o ceticismo. http://www.valor.com.br/financas/3163300/brasil-vive-forte-crise-de-confianca-acredita-governo
Embraer vai investir US$ 1,7 bilhão em novos modelos comerciais
Embraer_190.jpg
A Embraer anunciou nesta segunda (17/6) um pacote de investimentos estimado em US$ 1,7 bilhão para os próximos oito anos. O principal objetivo da companhia é direcionar os recursos ao desenvolvimento de novos modelos dos E-Jets E2.

A empresa prevê uma demanda de 6,4 mil jatos comerciais com capacidade de até 130 lugares ao longo dos próximos 20 anos. Com mais de 1,2 mil encomendas de E-Jets, a companhia detém 42% do mercado em seu segmento.

A agricultura faz sua parte, mas falta infraestrutura, diz a senadora kátia Abreu

A senadora acusou o governo de leniência com a questão indígena e apelidou o ministro da Justiça de

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Destaques da Economia brasileira

 

Dólar em tendencia de queda, após retirada do IOF sobre derivativos cambiais, dólar  desvaloriza frente ao real.
http://blogs.estadao.com.br/economia-tempo-real/2013/06/13/apos-retirada-do-iof-dolar-tem-manha-de-queda/

Ibovespa abre em alta após cair por 4 pregões consecutivos - veja mais em InfoMoneyhttp://www.infomoney.com.br/mercados/acoes-e-indices/noticia/2819677/ibovespa-abre-alta-apos-cair-por-pregoes-consecutivos.


As vendas do comércio varejista subiram 0,5% no mês de abril sobre março, informou nesta quinta-feira (13/06),  o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em sua Pesquisa Mensal de Comércio. 

http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/121538_VENDAS+DO+VAREJO+SOBEM+05+EM+ABRIL+INFORMA+IBGE

Os Salarios tem sido um dos principais fatores impulsionando a inflação:
por Alexandre Schwartsman
"a elevação dos salários por conta do mercado de trabalho apertado, a um ritmo muito acima do crescimento da produtividade, tem sido um dos principais fatores impulsionando a inflação. Apesar disto, é muito pouco provável que esta questão venha a ser abordada, sobretudo às vésperas da eleição." 
http://maovisivel.blogspot.com.br/2013/05/o-ministro-e-as-passas.html

Destaques da Economia Norte Americana e Asiatica

Vendas no varejo nos EUA superam expectativa com mais vendas de automóveis
Eestados Uunidos Mostra recuperação mais rápida economia. 
O Departamento do Comércio informou nesta quinta-feira que as vendas no varejo subiram 0,6 por cento. 
http://br.reuters.com/article/businessNews/idBRSPE95C02320130613

Ações japonesas lideram fortes quedas na Ásia