sexta-feira, 28 de maio de 2010

Porque as Pessoas se Endividam?

Por Givaldo Fontes



Porque as pessoas se endividam? Porque joga contra a si mesmo? Adquirindo dívidas, e conseqüentemente comprometendo sua tranqüilidade e o bem estar, seria um auto-boicote?


Segundo o Banco Central (BC) o nível de endividamento das famílias brasileiras já compromete 34,8% da sua renda anual (dados de 2009), de acordo com cálculos divulgados pelo Banco Central no Relatório Trimestral de Inflação. Há dois anos, segundo o BC, o valor dos empréstimos contraídos correspondia a 26,7% da renda das famílias.

Os vilões são os empréstimos consignados, financiamentos, cartões de crédito, cheque especial, as facilidades na hora da compra e outras tantas tentações?

Porque as pessoas não conseguem se livrar do vício do consumo?
Para entender essas questões recorro a psicologia e psicanálise. Poderia muito bem seguir a corrente de pensamentos dos economistas e financeiros que dissemina técnicas e ferramentas para o controle financeiro pessoal e não aborda a parte comportamental das pessoas.

Segundo a psicanalista Vera Rita de Mello Ferreira, nossas emoções surgiram a milhares de anos antes da nossa razão, as emoções têm raízes nos instintos, portanto operam de forma ‘meio’ animal. Visando muito mais à nossa sobrevivência imediata do que o nosso aprimoramento.

A Culpa é da mídia?

O mais comum é culpar o grande apelo de consumo da mídia, a facilidade de credito ou talvez os mercenários que fazem tudo para aplicar juros abusivos. Não inocento os protagonistas citados. Mas, acredito que a mídia é o reflexo da sociedade, ou seja, a mídia transmite o que gera audiência. Os bancos oferecem créditos a juros abusivos por que tem pessoas interessadas e assim por diante.

De acordo com o estudo da psicanálise, as pessoas vivem a base de ilusões. ilusões são respostas rápidas e falsas. Acreditamos nelas porque gostaríamos muito que fosse possível encontrar satisfação, as vitimas adorariam que aquela situação fosse real que fica míope. Exemplo: a moça quer tanto perder aquela celulite que compra mesmo pela internet (sem ninguém iludir) o creme miraculoso que promete acabar o problema em duas semanas.

Precisamos de dinheiro para sobreviver, porém, não viver apenas pelo dinheiro.

Afinal, por que nós nos preocupamos em ter dinheiro, que e si, não vale nada ninguém se alimenta de notas ou moedas), ninguém constrói casas com folhas de cheques etc. O dinheiro representa um meio para satisfazer nossas necessidades e desejos.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Pensar em todos é a melhor maneira de pensar em si

Por Givaldo Fontes
É nítido que os fluxos migratórios que se originam nas áreas de atraso relativo operam no sentido de frear, ou paralisar, os movimentos sociais reivindicatórios nas regiões industrializadas do país. O Nordeste é, na verdade, a face do Brasil em que transparece com brutal nitidez o sofrimento de seu povo. Sem disfarces é demonstrado as más formações de nosso desenvolvimento. Se não existe política adequada para o Nordeste, pode-se dar por certo que os problemas maiores do País estão se agravando, que nos iludimos com miragens, quando pensamos legar aos nossos filhos uma sociedade mais justa e um país menos dependente.

Perante a um contexto, onde a má formação sócia econômica é brutal, um esforço para conter o desequilíbrio não se trata apenas de uma divisão entre beneficiários e vítimas de um intercâmbio desigual, fundado em uma visão dicotômica do valor do trabalho humano. A fratura que nos alquebra tem projeções negativas tanto num como no outro lado do País.

Segundo Celso Furtado (1981), No Nordeste perpetua-se a miséria de grandes massas de população; no Centro-Sul freia-se o progresso social e cresce a marginalidade urbana.

Vejamos a declaração de Plínio Marcos, dramaturgo que o usou o teatro como forma de expressão das injustiças sociais. Plínio Marcos era considerado o dramaturgo da violência e que se dedicou a fazer fortes denuncias sobre a violência urbana.

“Eu acho que toda violência na sociedade moderna tem origem na egoística distribuição de renda que leva à quebra de identidade cultural do homem comum, tornando-o incapaz de se defender politicamente. Então ele parte para a violência física, para a prostituição, para a migração, porque a miséria é a grande geradora de tudo isso. Quando uma sociedade é formada nas bases em que é a nossa, ela acaba, por exclusão, marginalizando a maioria”.

Formação Social do Brasil e as suas Desigualdades Regionais

Por Givaldo Fontes

Quando olhamos para a História do Brasil, percebemos que a desigualdade social foi e é uma característica marcante do nosso povo. Ao longo do processo histórico, o Brasil percorreu por distintas fases.

O primeiro período a marcar a nossa história foi o Brasil Colônia, compreendido entre 1500 a 1822. Esta época da historia foi constituída pelos colonizadores, e o Brasil não era um país ou uma nação, e sim uma empresa mercantil. O período colonial pode ser subdividido nas seguintes categorias:

1. Período pré-povoamento (do descobrimento até 1530);
2. Ciclo da cana de açúcar;
3. Ciclo do ouro.

A economia do período é caracterizada pelo tripé monocultura, latifúndio e mão de obra escrava. O Brasil estava sob domínio socioeconômico e político de Portugal.

O segundo periodo, compreendido entre 1822 a 1889. A mão de obra ainda era caracterizada por escravos, e o Brasil passou a constituir o conceito de nação, deixando de ser visto como uma grande fazenda de Portugal. Porém, toda riqueza ainda pertencia a coroa portuguesa.

O Brasil da República Velha, que vai de 1889 a 1930, é marcado pelo domínio político das elites agrárias mineiras, paulistas e cariocas. O Brasil firmou-se como um país exportador de café, e a indústria deu um significativo salto.

Notamos que, até então, não houve modificação substancial no perfil da nação, apesar do aparecimento de novas personagens ricas que os diferenciavam das famílias tradicionais. É importante lembrar que esse período não pode ser considerado como um período democrático.

O período entre 1930 a 1980 é conceituado como Capitalismo Industrial. foi quando a bolsa de valores de Nova York sofreu uma queda e conseqüentemente houve a queda do café no Brasil. Esse fator contribui fortemente para a industrialização, e nessa fase começa a nascer a indústria brasileira.

Após o capitalismo industrial, inicia-se o período da Financeirização , compreendido do ano de 1980 até os dias atuais.

Quando fazemos uma retrospectiva, percebemos que o Brasil ainda não contabilizou mais de quarenta anos de democracia, ou seja, o povo brasileiro não teve tempo de desenvolver uma cultura democrática. Essa jovem história democrática do Brasil talvez seja umas das explicações para as desigualdades sociais que convivemos.

Quando a pauta é Desigualdade Regional, temos dados gritantes. Por exemplo, 80% das famílias ricas do país estão em quatro cidades: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte. Notamos que os 10% dos mais ricos obtém 75% de toda riqueza, enquanto os 90% da população mais pobre ficam com apenas os 25% da riqueza, e apenas 5 mil famílias controlam 45% de toda riqueza da nação. Esses dados são uma radiografia atual das desigualdades e apontam que desde a colonização até os dias atuais, uma elite historicamente impõem a ditadura da concentração.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Eleições 1989....

Por Paulo Fendler Junior, Jornalista fascinado pela historia política do Brasil

Esses dias perguntei a mim mesmo imaginando uma resposta a contento de como teria sido nosso país com a vitória de outro candidato em 1989.

Não cheguei a nenhuma conclusão e o pior é que acabei gerando mais dúvidas do que respostas, criando pra mim um espécie de teoria da confusão, como trata-se só de análise, vamos a elas.

Imaginando que por muito pouco Leonel Brizola teria ido ao segundo turno com Collor, imaginei como seria um governo do "El Caudilho" e consegui vislumbrar ênfase em educação, construção de novos CIEPS, quem sabe um sambódromo em outro estado da federação e ainda a tira colo o Professor Darcy Ribeiro como ministro da educação ou quem sabe Chefe da Casa Civil.

O pseudo viés seria quem sabe, uma possibilidade concreta de estatização de algumas áreas privadas do país, o que nos traria possivelmente letargia nos investimentos em infra-estrutura.

Imaginando o possivel eleito Mario Covas poderíamos hoje imaginar um processo de saneamento interno das despesas correntes da união, possivelmente uma reforma ministerial e quem sabe um avanço significativo nas instituições democráticas do país.

Imaginar o viés dessa candidatura, seria quem sabe não ter claro se a forma de governo seria a necessidade do "choque de capitalismo", conforme mencionou na campanha ou um teor "social democrata" mais ao centro a qual sua biografia sempre esteve inserida .

Levantar a desconfiança de setores mais conservadores ou não demarcar posição na origem de sua formação poderia representar um enigma de como seria o exercício de sua presidência, sinto isso.

Por outro lado considerar a vitória daquele que se recusa a partir, o quase eterno Paulo Maluf seria caminhar em um processo de imaginação "muito complexo" a ele destinaria apenas algumas perguntas que provavelmente ficarão em branco.

Será que o país teria tanta vulnerabilidade de capital estrangeiro com alguém que considera as privatizações como forma de amortizar o endividamento do estado?

Será que o Brasil teria um aumento do risco país , ou seja, será que teríamos desaceleração dos investimentos estrangeiros por um governo marcado por deconfianças quanto a lisura e transparência na administração dos recursos públicos?

Enfim, nesse caso fica a dúvida.

Um pouco menos duvidoso seria a vitória de Guilherme Afif Domingos, esse com posição clara a favor da iniciativa privada, da desoneração de impostos que atravancam a atividade econômica, da luta constante para o empreendedor nacional ter condições favoráveis e desburocratizadas de se abrir um negócio.

O viés seria construir uma base aliada no congresso que garantisse a governabilidade, lembrando sempre que partidos menos conservadores dificilmente estariam na base desse governo.
Gostaria de finalizar realizando um exercicio de imaginação quanto a Ulysses Guimarães, esse teria apoio até de partidos antagônicos, governaria com base na credibilidade propagada pela mídia, sendo ela justa ou não, não cabe julgar.

O fato em si, é que Ulysses não conseguiu reunir em torno de si sustentabilidade para sua candidatura, talvez pela idade avançada, "trauma para os brasileiros", não conseguiu projeção alguma nas eleições de 89, sendo vista inclusive como uma candidatura folclórica fadada ao insucesso.

Nessa época o melhor para o PMDB era ter ido com Quércia, hoje nem sinal de uma capacidade eleitoral outrora registrada.

Sobre Ronaldo Caiado, Aureliano Chaves, Roberto Freire, Afonso Camargo não me estimula análise.

Sobre Lula ter ganho em 1989 recorro ao conhecimento popular que diz : "Tudo tem seu tempo e seu momento e aquele fatalmente não era, como mesmo admitiu o próprio candidato"

O amadurecimento permite revermos posições e melhorarmos outras que tínhamos , para uns, o melhor governo após a era Vargas, para outros o governo mais execrável que já se constituiu na república.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Analfabeto Político

O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.

Bertolt Brecht

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Tecnologia a serviço da Humanidade, ou a serviço do Capitalismo?

Por Givaldo Fontes da Cruz

Quando o assunto é mercado de trabalho, o conhecimento tecnológico é uma variável de grande relevância. Inicio esse tema com uma simples provocação, afinal, as tecnologias empregam ou desempregam?

Não há uma resposta clara sobre o que as máquinas fazem por nós ou para nós. Por um lado, elas são a própria encarnação do investimento que move a economia capitalista. Por outro lado, na maioria das vezes, quando uma máquina entra, um trabalhador sai e, às vezes, muitos trabalhadores saem.

No início do século XIX, a agricultura era a ocupação quintessencial: praticamente manual, auxiliada por enxadas e pás, arados puxados por cavalos, carroças e afins. O que aconteceu àqueles cujos empregos foram tomados pelas máquinas? Migraram para outras áreas, nas quais a tecnologia estava criando novos postos de trabalho?

Assim como ocorreu na indústria, no setor de serviços a tecnologia criou com uma mão e tirou com a outra. O impacto das novas tecnologias e inovações organizacionais têm levado a mudanças na estrutura ocupacional e deslocamentos setoriais. Ocupações desaparecem, outras são reformuladas e novas são criadas. Setores novos, principalmente ligados à prestação de serviços, crescem em importância, ganhando uma maior participação econômica na composição do PIB das nações.

As novas tecnologias acabam transferindo inteligência do trabalhador para as maquinas e sistemas.

A esse fenômeno conceitua-se como Subsunção Formal, que é caracterizada pelo processo em que o capital apropria-se ( compra ) a mão de obra dos trabalhadores. O trabalhador ao vender sua força de trabalho ao capitalismo, acaba transferindo seu conhecimento para o capital.

O decorrer da história mostra que o capital apropria-se do conhecimento tecnológico para reduzir custos de produção e não para aumentar a produção de bens, essa lógica capitalista implica no contínuo aumento do desemprego, pois do ponto de vista do capital, buscar sistematicamente cada vez mais se apropriar do saber do trabalhador, dividir o trabalho em tarefas e rearranjar o trabalho, alcançar tempos ótimos para realização das tarefas é uma forma de garantir uma margem de lucro para remunerar o capital.

Observando que o conhecimento tecnológico é usado para reduzir custos de produção, seguindo essa linha de raciocínio a tecnologia está a serviço do capital ou da sociedade? Será que esse paradigma que parte do preceito que a tecnologia é usada para reduzir custos, acabará gerando desemprego estrutural, caracterizando uma crise mais geral do capitalismo? É possível mudar esse paradigma?

Outro fator que também tem grande relevância para o mercado de trabalho é fato internacionalização do capital, ou como é mais conhecido Globalização.
O conceito geral Globalização é um dos processos de aprofundamento da integração econômica, social, cultural, política, com o barateamento dos meios de transporte e comunicação dos países do mundo no final do século XX e início do século XXI. É um fenômeno observado na necessidade de formar uma “Aldeia Global” que permita maiores ganhos para os mercados internos já saturados.
A rigor, as sociedades do mundo estão em processo de globalização desde o início da História. Mas o processo histórico a que se denomina Globalização é bem mais recente, datado (dependendo da conceituação e da interpretação) do colapso do bloco socialista e o conseqüente fim da Guerra Fria (entre 1989 e 1991), do refluxo capitalista com a estagnação econômica da URSS (a partir de 1975), ou ainda do próprio fim da Segunda Guerra Mundial.
As principais características da globalização são a homogeneização dos centros urbanos, a expansão das corporações para regiões fora de seus núcleos geopolíticos, a revolução tecnológica nas comunicações e na eletrônica, a reorganização geopolítica do mundo em blocos comerciais (não mais ideológicos), a hibridização entre culturas populares locais e uma cultura de massa universal, entre outros.
O ponto central, quando falamos em globalização diz resoeito a integração das economias. As grandes empresas montam suas unidades de produção onde a mão de obra é mais barata, como exemplo a China. Isso significa dizer que atualmente estamos atravesando um “Desemprego Global”.
Os produtos brasileiros concorem diretamente com produtos chinese. Por exemplo, enquanto escrevo esse texto estou usando um casco frabricado na China. A verdade é quando consumimos produtos importados, tendo o mesmo ou similar no Brasil, estamos gerando empregos para os paises exportadores, e consequentemente sacrificamos o mercado domestico. Posso citar cmo exemplo a fabrica de binquedo Estrelas, que até a decada de 90 tinha um quadro com 13 mil funcionários, no ano de 2000 a fabrica literalmente fechou as portas. A partir do ano 2000 os brinquedos made in china dominava o mercado brasileiro.
Esse exemplo apenas ilustra como o mercado de trabalho brasileiro é afetado pela a China e outros países, para resolver esse problema não percebo soluções faceis. A questão é: quando olhamos para o mercado de trabalho, intrisicamente percebemos detalhes complexios como: a) tecnologia que substitue mão de obra , b) concorrencia global, esses dois fatores, associado ao baixo crescimento economico, nos faz enteder aumento do desemprego que tivemos desde da décade de 90.
Até a decada de 90, para gerar emprego a equação era mais simples, bastava crescer a produção industrial para o emprego rapidamnete crescer na ponta. Hoje, para gerar mais empregos é muito mais completo, devido aos dois fatos anuciados: a) tecnologia que substitue mão de obra; b) concorrencia global.

Saldo Negativo


Dói muito mais arrancar um cabelo de um europeu
que amputar uma perna, a frio, de um africano.
Passa mais fome um francês com três refeições por dia
que um sudanês com um rato por semana.


É muito mais doente um alemão com gripe
que um indiano com lepra.
Sofre muito mais uma americana com caspa
que uma iraquiana sem leite para os filhos.


É mais perverso cancelar o cartão de crédito de um belga
que roubar o pão da boca de um tailandês.
É muito mais grave jogar um papel ao chão na Suíça
que queimar uma floresta inteira no Brasil.


É muito mais intolerável o xador de uma muçulmana
que o drama de mil desempregados em Espanha.
É mais obscena a falta de papel higiênico num lar sueco
que a de água potável em dez aldeias do Sudão.


É mais inconcebível a escassez de gasolina na Holanda
que a de insulina nas Honduras.
É mais revoltante um português sem celular
que um moçambicano sem livros para estudar.


É mais triste uma laranjeira seca num kibutz hebreu
que a demolição de um lar na Palestina.


Traumatiza mais a falta de uma Barbie de uma menina inglesa
que a visão do assassínio dos pais de um menino ugandês


e isto não são versos; isto são débitos
numa conta sem provisão do Ocidente.

Fernando Correia Pina, poeta português