domingo, 6 de março de 2011

Perspectivas para 2011 e Próximos Anos

Considerando-se, no âmbito internacional, que os países desenvolvidos vão continuar “derrapando” e que a “guerra cambial” vai permanecer, e, no ambiente doméstico, que a estrutura da política econômica não se alterará, é possível esperar ajustes para reconduzir o País ao seu potencial de crescimento e tentar convergir a inflação para o centro da meta.


A partir de 2011, o crescimento do nível de atividade será menos acelerado, podendo-se esperar uma expansão de 4,5%. E sse é o crescimento factível para um país que investe 18% a 19% do PIB.

Outros emergentes crescem mais porque investem mais, como é o caso da China (40% do PIB), Coréia do Sul (33%) e Chile (25%).

Vale lembrar que o Brasil chegou a investir 25% do PIB na década de setenta, quando o investimento público situava-se entre 6% a 7% do PIB. Atualmente, essa taxa é de 1,0% a 1,5% do PIB.

A diferença é flagrante em relação a outros países. Na China, o investimento público é 20% do PIB, na Índia 6% e na Coreia do Sul 7%.

O redirecionamento do ritmo de crescimento para um pat amar mais baixo vai impor alterações na dinâmica fiscal. Pode-se esperar um maior disciplinamento dos gastos públicos (que devem continuar crescendo, mas a um ritmo mais modesto) e possível ampliação da receita tributária (não somente em função do PIB, mas também da elevação do IOF sobre entrada de capitais estrangeiros, da CSLL dos exportadores e do possível retorno da CPMF).



Considerando-se, porém, que medidas de ajuste fiscal levam mais tempo para surtir efeito, e que a inflação fecha 2010 com mais de um ponto percentual acima do centro da meta, novamente o Banco Central vai fazer o “jogo sujo”. Pode-se esperar um novo ciclo de alta de juros no início de 2011, encerrando o ano com 12%.

É importante observar que, apesar desse aumento em 2011, a tendência estrutural é de que os ciclos de elevação das taxas reais de juros sejam cada vez mais curtos e que tendam a cair nos próximos anos, como consequência da consolidação do processo de estabilização.

Um retrospecto da evolução das taxas reais de juros a partir da implantação do Plano Real ajuda a perceber essa tendência: no período 1994/1998, as taxas reais de juros foram da ordem de 19,5% ao ano; no período 1999/2003 caíram para 9,6% ao ano e mantiveram a tendência de queda até atingir cerca de 5,8% ao ano nos dias atuais.

Continuará havendo pressão para valorização do real (em função do cenário internacional), sendo provável que o governo volte a acionar seu “arsenal” de medidas paliativas, como nova elevação do IOF sobre entrada de capitais estrangeiros, adoção de algum tipo de “quarentena” e até mesmo a volta da cobrança de IR sobre rendimentos de aplicações financeiras dos estrangeiros (o que representaria um retrocesso, dado que voltaria a haver bitributação, pois o capital é novamente taxado no seu país de origem).

Essas medidas, com efeitos apenas a curto prazo, poderiam evitar uma valorização mais excessiva do real. Porém, uma mudança consistente da trajetória da taxa de câmbio virá somente com a ampliação do déficit em conta corrente.

Um resumo das projeções para os próximos dois anos é apresentado na tabela a seguir.

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